quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Envelhecer e evoluir...

Há alguns meses atrás, eu estava num shopping de São Paulo, esperando por uma amiga que ficou presa no trânsito paulistano... Fiquei muito tempo esperando por ela. Fiquei ali na praça de alimentação lotada de pessoas, observando aqueles que passavam, aqueles que estavam sentados...
Fiquei comovida ao ver um encontro de um relacionamento provavelmente iniciado pela internet.... Uma mulher e um homem, na faixa dos 40 anos, se encontraram ali, na minha frente. Apresentaram-se e ficaram com aquele jeitinho feliz mas um tanto quanto constrangido de quando estamos pertos de alguém que gostamos, mas ainda não temos intimidade... Seguiram para uma mesa, mas os dois com um sorriso no rosto... Desejei do fundo do meu coração que naquele momento nascesse um relacionamento real e feliz para eles.
Passaram alguns minutos e presenciei outra cena que me marcou. Um senhor idoso, cheio de sacolas, estava almoçando numa mesa reservada para pessoas com deficiência física (estrategicamente acomodada em um local em que tivesse espaço suficiente para abrigar uma cadeira de rodas e muito bem sinalizada com um imenso adesivo ao centro da mesa informando que se tratava de um lugar especial). Uma segurança do shopping aproximou-se do idoso e perguntou se ele poderia sair daquele lugar, pois uma pessoa com deficiência iria se sentar ali. E ela deixou bem claro que o ajudaria a encontrar um outro lugar para ele. Para meu espanto, o que o idoso fez? Simplesmente disse NÃO e ficou resmungando que era um absurdo tirarem ele dali só porque estava sozinho! Nesse momento, os pais da jovem cadeirante estavam bem próximos e ouviram tudo. Meus olhos se encheram de lágrimas, meu coração ficou duro de raiva e eu fiquei ali paralizada com a falta de amor no coração daquele idoso. Minha vontade era chegar bem na frente dele, enfiar o dedo na cara dele (coisa que faço quando chego no meu limite de paciência) e xingá-lo das coisas mais absurdas possíveis. "Descer o nível vai surtir algum efeito em um ser de tamanha ingnorância?!" foi o pensamento que me segurou.
A segurança voltou-se para a cadeirante e pediu muitas desculpas, mas ela serenamente disse que não se importava. E ela parecia não se importar mesmo, pois não vi rancor, não vi nenhum sentimento ruim nos seus olhos...
As pessoas sentadas ao redor do idoso, estavam todas entretidas em suas mesas, seja dando risadas com seus colegas, dando atenção ao filhos ou simplesmente absortas em seus pensamentos... ou seja, ninguém notou a cena!
Em outra mesa para deficiente, uma outra idosa almoçava sozinha e ao notar a aproximação da segurança, foi logo perguntando se alguém precisava da mesa e disse "Só sentei aqui por não tinha ninguém precisando". Imediamente, ela levantou-se e a segurança chamou a cadeirante e seus pais para se sentarem ali.
Eu fiquei ali, parada, pensando em mil coisas... O senhor idoso continuava a resmungar e resolveu ir almoçar em outra mesa. Peso na consciência? Não acredito! Ele levantou-se, ainda resmungando, pegou sua bandeja, suas sacolas e saiu andando perfeitamente, sem o andar trêmulo que muitos idosos apresentam...
Dai fiquei pensando, acredito que não estamos nessa vida para fins de passeio. Acredito do fundo do meu coração que estamos aqui para evoluir... E aquele senhor, com mais de 70 anos de vivência nesse mundo, não conseguia ter o mínimo de compaixão com o próximo, só conseguia enxergar de forma deturpada que alguém queria tirá-lo daquela mesa...  Terá ele evoluído alguma coisa nessa vida? Ele melhorou com o passar dos anos? Ou terá piorado? Muitas perguntas a respeito dele ficam na minha cabeça desde então...
Claro que anteriormente já tive notícia e até presenciei atos que me deixaram desacreditada da humanidade, mas nunca um ato tão desprovido de amor vindo de senhor idoso...
Mas quanto mais o tempo passa, mais eu sinto pena dele... Pra mim ele está tão longe de conhecer o amor e provavelmente por uma escolha pessoal dele!
Acho que Deus dá oportunidade para todos evoluirem, mas cada um segue o caminho que quer né...

E termino plagiando um pedacinho de um poema de Mario Quintana que expressa bem o que penso:
"Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!!!"

domingo, 1 de agosto de 2010

Começando...

Nesse final de semana, me veio a idéia de ter um blog! Um lugar onde eu pudesse colocar meus pensamentos para que mais tarde eu pudesse reler e ver o quanto amadureci ou o quanto me equivoquei... Sou meio saudosista, gosto de reler as agendas que tive, os cartões que recebi... E me faz bem, pois apesar de não gostar de envelhecer, gosto da idéia de que, apesar de errar muito, um tantinho eu tenho evoluído em alguns aspectos...

Lembro de certas conversas lindas que tive com meus amigos e sei que muito se perdeu nas falhas da minha memória... Assim, com um blog servindo como uma espécie de diário dos assuntos relevantes que ando pensando, ouvindo, debatendo com amigos, muito ficará registrado para eu, no futuro, poder relembrá-los...

Além do mais, deve ser até terapêutico ter um lugar onde eu possa desabafar... :-D